sábado, 26 de abril de 2008

Tudo igual II

Andando no comércio à procura de um sapato. Vitrines e vitrines com all star e sapatos de salto fino com strass. Tudo igual, mudam os números, os tamanhos, os preços. Mas é como olhar uma parede com vários tijolos, certamente diferentes, mas iguais num todo. "Eu quero uma sandália anabela, preta, meio estilo punk." Não tem. "Um coturno?" ´Dê uma olhada na loja ali da esquina. Mas não adianta, de vitrine em vitrine, de loja em loja, tudo igual. O jeito é ficar com os meus sapatos velhos. Quem sabe na próxima estação a moda não fica a meu favor?

Tudo igual.

O caminho pro colégio é o mesmo. Os rostos pelo caminho, as contruções, o céu. Tudo igual, imutável. Paisagem estática onde vago como uma brisa. Não vejo pessoas, mas sinto sorrisos. Num cenário com tantas pessoas como é possível se sentir tão solitário? Querer ser diferente e encontrar alguém de mesmos caracteres. Como é que pode? E em toda essa mesmice o que mantém minha calma é a trilha sonora, ainda sem refrões, que toca em minha mente.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Escapismos XII

"Es.ca.pis.mo atividade ou hobby praticado para esquecer o stress"

Eu queria que meu escapismo principal fosse uma pessoa. Não seria bom ter alguém que te faz esquecer de todos os seus problemas?

sábado, 12 de abril de 2008

Rotina.

Toda semana.
Sexta feira. Seis e meia da tarde. Aula de teclado.
Descendo a rua, virando a esquina, outro quarteirão. Está faltando algo. Aula. Casa de novo.
Semana seguinte. Ah, era aí que você estava? Porque você não veio na semana passada? Agora já está tudo bem? Que bom. Aula. Casa de novo.

Na verdade, eu nunca havia falado com aquela pessoa, mas toda semana ela está lá, talvez esperando alguém, talvez indo pra uma aula de teclado como eu, ou já estaria voltando para casa? Me dá uma vontade de saber tudo isso, conhecer a pessoa, afinal, se ver toda semana, passar pelos mesmos lugares, viver na mesma cidade, dividir o mesmo céu, tudo isso não nos torna próximos o bastante para iniciar um diálogo? Falta coragem mas quem sabe um dia?

domingo, 6 de abril de 2008

Efeito catavento.

Desisto. Agora seja o que Deus quiser. Vou aceitar tudo, não vou mais me arriscar por nada. Perder você? Se for pra ser assim, será. É tão mais fácil apenas aceitar e deixar as coisas acontecerem. A culpa não foi minha, simplesmente aconteceu. Deixar o futuro ao acaso, metade de minhas responsabilidades para trás. Metade. Abro meus braços e como um catavento apenas me deixo levar pela brisa. Ou pelas pessoas. O que o vento me trará de bom amanhã?

Efeito parafuso.

E se eu não tivesse dito aquilo? E se eu não tivesse nem ido? E se pudesse ser de outro jeito? Agora que já passou eu faria tudo diferente. Mais algumas horas? Mais um segundo? Se eu não tivesse piscado naquele segundo... Se eu tivesse olhado para tras você teria parado, desistido, voltado. Se eu tivesse escolhido aquele. Se eu tivesse pensado melhor. Se nós pudéssemos ter uma segunda chance...

E todos esses 'se' me levam a um efeito parafuso, infinito. Onde me encontro cada vez mais longe de eu quero ir. Ou poderia estar, e se eu tentar continuar em frente? Acabo mais enrolada. E agora?

Silêncio ou palavras?

Eu sempre valorizei muito minhas amizades. Principalmente aquelas construídas no silêncio, tendo como base apenas a presença e aquela sensação de que juntos está tudo bem. Amizades como as que temos com animais, algumas horas juntos e já começamos a entender. Apenas o estar perto já basta, o calor e o olhar são tão fortes quanto um 'eu te amo', que às vezes consegue ser dito sem sair de dentro, como se tivesse vindo pelo vento. Um ato vale mais que mil palavras? Devem fazer três anos que cultivo uma amizade com três amigas de cidades distantes da minha, e raramente ouço suas vozes, suas vozes reais. Nunca houve um abraço, um dar de mãos, um olhar nos olhos, porém aqueles momentos em que conversamos trocando apenas palavras escritas já bastam para sentir o afeto. A presença sim, vale mais que mil palavras.