terça-feira, 30 de setembro de 2008

Gramática

Que saudades que eu sinto
do chapeuzinho do vovô.
Eu sempre pensei que ele fosse
praticamente imortal.

Quem diria que um dia
ele não mais estaria
com os olhos fixos no mundo,
sentado naquela cadeira de balanço?

O tempo passa,
as idéias mudam,
as pessoas não vêem mais as coisas
como viam antigamente.

domingo, 7 de setembro de 2008

No fim;

Eu gostaria de não ser esquecida.
Gostaria de ser lembrada
não por monumentos, avenidas,
contrúidas com muito suor e esforço,
mas por lembranças
construídas com prazer e gosto.

sábado, 6 de setembro de 2008

Ao menos uma vez.

Pensei. E logo comecei a imaginar a sua reação. Eu te conheço à tanto tempo, não é? Eu sei que iria abrir aquele sorriso e mais que depressa me abraçar. E lá estava você, sentada bem ao meu lado, chorando. Você não queria, mas o destino é mal com as pessoas, sim, ele é. Quem iria dizer que isto iria acontecer? E eu preso aos meus devaneios, imaginando como seria se eu dissesse isso. Como você talvez pararia de chorar, como você talvez se alegrasse, como você estava bonita mesmo estando triste. E chorando. Então você se levantou e foi embora, eu não me lembro bem. Como será que foi mesmo? E nunca mais voltamos a nos ver. Onde será que você anda agora? O que será que está fazendo neste momento? Eu só queria ter tido a chance de dizer "eu te amo", mas já era tarde de mais. E novamente voltei a imaginar como teria sido se eu tivesse dito isso, como você ficaria alegre, como você não iria embora, como nós teríamos sido felizes.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

0.6%

Quando chegar o meu fim,
não quero ser julgada
pelas coisas feitas por mim.

Tenho conhecimento de meus erros,
se ao menos eu pudesse refazê-los,
mas no fim, não seria o mesmo.

Eu gostaria de, ao invés de ir
ao céu ou ao inferno,
para sempre dormir
presa a um sonho eterno.

Onde o céu é azul marinho,
a lua abre um sorriso.
Onde não mais ouviria o choro
de meus amigos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Medo

Hoje revi meu caderno de recordações, meu, têm escritos de 2001 lá. Amigos que nunca mais vi. "Amigos que nunca mais vi"? Isso existe? Será que é amigo mesmo? Como é que pode. E se nesses 7 anos sem os ver, sem querer, esbarrei neles e nem os reconheci? E se os visse de novo? Não seria a mesma coisa. Tenho saudades, do que passou. Dei pela falta de uma amiga naquele caderno, por que será que ela não está lá? E hoje pedi às minhas amigas que escrevessem para mim. Uma me chamou de "rokera", a outra me fez um poema em espanhol, e a outra uma carta em japonês. Nela dizia como foi bom nossa amizade, mesmo que no ano passado não pudéssemos nos ver muito, nesse ano pudemos nos falar todos os dias, falar, rir, brincar. Mas no ano que vem, só teremos as lembranças pra guardar com carinho. E nisso, o medo do ano que vem. Eu já senti isso, o medo do abandono, ficar pra trás. "O que serei de mim sem você?" alguém me disse. E eu simplesmente fiquei em silêncio, fazendo-me a mesma pergunta. E ultimamente tenho crises de saudades, olho fotos, revejo cadernos, bilhetes. Ando desesperada atrás de fotos novas, mais lembranças. Não me deixe sozinha.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

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Ela está no horizonte. Me aproximo dois passos
e ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei.
Para que serve a utopia ?
Serve para isto, para fazer caminhar.

(Eduardo Galeano)