sábado, 1 de novembro de 2008

Alma

Minhas pernas finas e despidas estão também frias. Minha pele, cor de mogno, herdei de uma árvore de 150 anos. Sim, sou uma mesa de jantar, estilo vitoriano, comprada num mercado de pulgas com 60% off. Você deve estar se imaginando como uma mesa consegue pensar e transmitir pensamentos, afinal, sou apenas uma parte da mobília, assim como o sofá e as cadeiras, que por sinal, não pensam. Porém, pasme, eu penso. Talvez eu seja dotada de consciência, um cérebro... Não, eu não possui órgãos, apenas minhas pernas que não me servem nem como locomoção. Espiando alguns livros abertos sobre mim, li algo sobre "almas". Dizia que ela é algo além do material, é o que faz algo inanimado se mover. E foi aí que eu me reconheci. Quem diria, uma mesa portadora de alma pode compartilhar sentimentos humanos, quando alguém vem chorar sobre minha madeira eu me comovo, quando riem à mniha volta eu me alegro. Qual seria o motivo para eu ter ganho tão maravilhoso presente? Por que eu existo? Me recuso a ceitar que minha função aqui é apenas servir de apoio a objetos sem vida. Mas então por que?

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