quinta-feira, 16 de setembro de 2010

""

Embora
agora
Sinta-me um boi que
caminha ao abatedouro
Sinta-me uma lagarta que
no casulo, esconde seu tesouro
Sinta-me um urso que
hibernando, espera o calor vindouro

Há de chegar o verão
e podem esperar, vocês verão...

sábado, 4 de setembro de 2010

Ferrugem

Sempre acreditei que o saber era imorredouro
Infelizmente, descobri o quanto fui tolo
Ou melhor, descobri o quanto sou tolo
Leio, estudo, tento aprender de tudo
como se me fosse necessário saber o mundo
quando em verdade não sei nem onde moro
como seria possível que tantas fórmulas decoro?
Tirem de perto de mim todos os livros e teorias
Já é tão difícil lembrar o que comi a cada dia
Não preciso lembrar-me de suas filosofias

Sinto-me uma máquina
e por isso revolto-me, mas não posso falhar,
não haverá back-up, não há técnico que me conserte
hei de continuar esta alma inquieta dentro de um corpo inerte




Pessoa, ensina-me a ser humano
Salva-me, poesia.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lembrança

Quando eu era mui pequena
eu tinha um amigo
e ele era um urso
e apesar de ser urso ( e não uma pessoa)
foi ele quem me ensinou a gostar das pessoas
ensinou- me porque não tinha medo
mostrou-me como somos pequenos
e como ser grande apesar disso
não era rico, não era forte, não era sábio, não foi violento, não gritou, não era pessoa, era urso, apenas isso, e muito humano
com seus grandes braços abarcava o mundo
e imobiliza os ricos, os fortes, os sábios, os violentos, os histéricos, as pessoas, e os ursos

ensinou-me o poder de um abraço bem dado, um abraço de urso

terça-feira, 24 de agosto de 2010

De como me desiludi

Antes que me convençam do inverso
sinto que devo registrar nestes versos:

eu amo todos vocês.
Pronto, não amo mais
Por quê? Ora, por já tê-los amado demais
mais do que vocês merecem, ou mais do que eu possa amar, talvez.

domingo, 15 de agosto de 2010

Carta de reconciliação

Bem disse que te escreveria
Desculpa-me, muito bem queria
Mas esta vida, só correria
Não me permite tamanha alegria

Se me perguntam como estamos
Digo-lhes que sempre nos falamos
Bem sei, descarada mentira
Mas em verdade, em meus sonhos eu te vejo todo dia

Promete que me esperas, poesia?

Devaneio em aula de português

Cadê o sujeito?
Sumiu
Escapuliu
Desapareceu
Ninguém mais viu...
Será que morreu?
Ah, estava implícito na desinência verbal!...

Identidade secreta

Ninguém sabe mas sou arquiteto

vivo construindo castelos no ar

Ninguém nem duvida que eu seja poeta

mas vivo os meus dias a rimar

Um cariado apaixonado

És tão doce meu amor
que pensar em ti me dá dor de dente
no entanto, apesar da dor
amar-te me faz tão contente!..

sábado, 19 de junho de 2010

Tragédia familiar

Era uma tarde de outono

O pai deveria estar preso
no trânsito, preso ao peso
de sustentar uma família
em casa, mulher e filha
preparavam-se para o jantar
quando de repente, uma visita
veio quebrar a paz deste lar
de pernas compridas, mulher esquisita
requebrava muito ao caminhar
tinha um casaco de pelos tão bonito
sua elegância era de se invejar
a mãe veio de um ímpeto
não tinha inveja, mas tinha de a matar
a filha assustada deu um grito
mas já era tarde, já era de se esperar
ninguém nunca mais falou nisto
o pai chegou, comeram, e foram se deitar.


A dona aranha
Subiu pela parede
Veio a chuva forte
E a derrubou
Mas ela é teimosa
E desobediente
Sobe, sobe, sobe
E nunca está contente

terça-feira, 11 de maio de 2010

'

Vida, minha vida
olha o que é que eu fiz
deixei a fatia
mais doce da vida
na mesa de estudos
entre as apostilas,
mas, vida, ali
quem sabe, eu

nem sei mais que fazer de mim

sábado, 13 de março de 2010

Metalinguistica

Não sou poeta, mas sou poesia
minha vida, rotina, meus versos, simetria
Sempre preocupado em acabar os afazeres em dia
Sempre cauteloso em terminar os versos em rima
Cada ação medida perante a sua reação
Cada sílaba contada, árdua metrificação
E lima, e ralha, e sua, e sofre
E nasce, e cresce, e trabalha, e morre

5.7%

Passado o momento de epifania
Sumiu-se toda a legria
resta apenas o cansaço
e a terrível pergunta: agora, que faço?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

5.6%

Muito sinto se te decepcionei
Mas perdoa-me, que nunca serei rei
Não me construas castelos no ar
Que eu não tenho asas, eu não sei voar
Mas se quiseres continuar comigo
Aceita-me como sou, e serei sempre o seu melhor amigo

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

5.5%

A mim, a saudade não é um vazio no peito
pelo contrário, aqui dentro fica é muito cheio
da tua falta e melancolia
repleto das lembranças
daquilo que tu fazias...

Por favor, não me esqueças

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Desatenta

Liberta-te de todos os preconceitos e das metrificações
e dá asas à imaginação
voa, voa poesia
p'ra bem longe do meu coração
deixa meu peito e minha mente vazia
deixa eu terminar depressa essa lição...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

5.4%

Décimo sétimo, décimo primeiro
Desculpa-me, não foi minha intenção
exibir-me do que não sou...
Sabes, às vezes eu até me esqueço
do meu próprio nome inteiro...
Olha, não me leves tão a sério
que a mim mesmo o que penso é um mistério
e que dirá das coisas do meu coração...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Não há nada para se ler por aqui

E então, o que me diz?
Deixaste de ser poeta
é tanta festa,
andas tão feliz?

Sou aquele passarinho
que veio em sua janela
meter o nariz
vim procurar por ela
a poesia, que sozinho
novamente eu fiz
e infelizmente, o que encontrei
foi aquele mesmo mar morto...

Em um passado pouco distante absorto
por novos versos teus esperarei.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Obrigada por existir"

Me faz tão bem ouvir isso.
Obrigada por me fazer te amar.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Consulta médica II

Não gostas de meu sorriso?
Queres ver-me sempre triste?
Por que desejas tirar-me os dentes?
São ainda bebês, feitos de leite
Deixa eles aqui, dormindo
Quando eles acordarem,
E for chegada a hora,
Prometo, eu aviso.



Muito mais que o medo das agulhas
O que me assusta são as fagulhas
do teu olhar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pátria Amada (Mensagem ao cara da papelaria)

Se sonho conhecer o mundo
não é por querer abandonar-te
que meu amor por ti é profundo
e sinto-te por toda parte

Se ontem escrevi teu nome errado
se minha má pronúncia te fez grande estrago
saiba que muito tenho te amado
e por isso, estes versos hoje eu trago

Meus cabelos negros podem dissimular meu amor
mas bem saiba apesar de minha cor
quero-te muito bem e adoro-te com ardor

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Nunca me ouvirás dizer o teu nome

A mim sempre serás:
amada, querida
meu amor